Gavião-de-cabeça-cinza Leptodon cayanensis (Latham, 1790)
Qua 7 Jun - 11:21
Gavião-de-cabeça-cinza Leptodon cayanensis (Latham, 1790)
Ordem: Accipitriformes
Família: Accipitridae
Grupo: Gaviões-milano
Nome em inglês: Gray-headed kite
Habitat: Florestas, savanas e bordas
Alimentação: Insetos, répteis e anfíbios
• Descrição: Mede de 46 a 54 cm de comprimento, peso de 415-455 g (machos) e 416-474 g (fêmeas) (Márquez et al, 2005). Apresenta várias formas de plumagem. Adulto (forma clara) possui asas e cauda longa, dorso preto, barriga e peito brancos e cabeça cinza. A cauda, negra, possui três largas faixas brancas, sendo a mais interna menor e parcialmente escondida pelas penas do ventre. A pele nua das narinas é cinza-azulada, e a íris escura. Adulto (forma melânica) possui todo o corpo preto, podendo apresentar certo grau de estrias mais claras no peito, mais visível nos jovens. Indivíduos jovens apresentam uma grande variação na plumagem (alto polimorfismo) podendo ocorrer fases de plumagem clara e escura. Jovem (forma clara) apresenta dorso preto, barriga, peito e cabeça branca com uma pequena mascara negra em torno dos olhos, podendo apresentar uma pequena mancha preta no alto da cabeça. Jovem (forma escura), alto da cabeça marrom-escuro com laterais de marrom mais claro, dorso escuro com pequenas áreas mais claras; por baixo, barriga e peito branco com estrias verticais escuras. Uma variação extrema, ainda não devidamente documentada, é de indivíduos jovens com plumagem que pode se assemelhar a de um adulto de Spizaetus ornatus.
• Espécies similares: O jovem da forma clara se assemelha ao gavião-pato (Spizaetus melanoleucus), jovem na forma escura e indivíduos melânicos podem ser confundidos em voo com o gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus). Em voo, tem silhueta parecida com a do gavião-caracoleiro (Chondrohierax uncinatus). Na região nordeste do Brasil, nos estados de Alagoas e Pernambuco ocorre o gavião-de-pescoço-branco (Leptodon forbesi), que é muito parecido com esta espécie.
Indivíduo jovem (forma clara).
Foto: Leo Fukui - RJ. Clique para ampliar
Indivíduo jovem (forma escura).
Foto: Leo Fukui - RJ. Clique para ampliar
Adulto. Araguatins/TO, Jan 2011. Foto: Cristóvão Silva
• Alimentação: Apresenta dieta variada, composta por larvas e insetos adultos como vespas, formigas, besouros e gafanhotos, moluscos, além de ovos de aves e pequenos invertebrados (Hilty e Brown 1986). Thorstrom (1997) sugere que o L. cayanensis seja bem adaptado na captura de pequenos répteis. Também pode capturar cobras e pequenos lagartos (Slud, 1964; Ferguson-Lees e Christie 2001). Em Minas Gerais, Ferrari (1990) relatou a associação do L. cayanensis e Ictinia plumbea com um grupo de saguis (Callithrix flaviceps), capturando as cigarras espantadas pelos primatas.
No Peru, em várias ocasiões, Robinson (1994) observou um casal de L. cayanensis levando comida a um ninho. Foi observado sete lagartos pequenos, dois sapos, cinco gafanhotos (ortópteros), uma cobra, duas larvas de lepidópteros, e um vertebrado não identificado. Em um espécime coletado no Panamá foi encontrando 55 pupas e 38 adultos de uma vespa (Odynerus pachyodynerus) com alguns pedaços de formiga (Azteca sp) (Wetmore, 1965).
• Reprodução: A maioria das informações de nidificação dessa espécie são de estudos realizados por Thorstrom (1997) na Guatemala e Carvalho Filho et al (2005) no Brasil. O ninho é construído com ramos e gravetos de árvores. Coloca de 1-2 ovos brancos manchados de marrons com tamanho médio de 53.1 x 41.5 mm. Thorstrom (1997) e Carvalho Filho et al (2005) observaram a incubação e a entrega de alimento aos filhotes por ambos os pais.
• Distribuição e subespécies: Possui distribuição neotropical, encontrado do México até o Paraguai e norte da Argentina, incluindo todo o Brasil (Sick 1997; Ferguson-Lees & Christie 2001). São conhecidas duas subespécies: o L. c. cayanensis, ocorre do México (Tamaulipas, Veracrez) ao sul até as planícies da América Central a oeste do Equador e da Amazônia; L.c. monachus: ocorre no Brasil central e sul, leste da Bolívia até o norte da Argentina e Paraguai (Thiolay 1994).
• Status nas listas vermelhas estaduais:
São Paulo: NT - Quase ameaçado (Silveira et al., 2009).
Rio de Janeiro: DD - Dados desconhecidos (Alves, et al. 2000).
• Hábitos/Informações Gerais: Encontrado em florestas, borda de matas e savanas mais arboróreas, especialmente em áreas próximas a cursos d’água incluindo florestas de galeria e bordas de matas, também pode aparecer em áreas fragmentadas (Thiollay 1994, Ferguson-Lees e Christie 2001). Voa por dentro da mata, assim como pode sobrevoar a grande altura. Apesar do tamanho, movimenta-se com facilidade pela vegetação e é difícil localizá-lo. Nos voos planados coloca-se contra o vento e bate seguidamente a ponta das asas, mantendo parado o restante. É uma espécie residente (não-migratória) porém há alguns indícios que seja um migrante austral parcial como já foi visto em algumas partes da Argentina (GRIN, 2011; Di Giacomo 2005).