Águia-pescadora Pandion haliaetus (Linnaeus, 1758)
Qua 7 Jun - 11:16
Águia-pescadora
Pandion haliaetus (Linnaeus, 1758)
Esta espécie simplesmente viaja pelas Américas, fugindo todos os anos do inverno da América do Norte deslocando-se para regiões diversas da América do Sul, incluindo o Brasil. Em nosso país aparece entre outubro e abril. Alimenta-se quase que exclusivamente de peixes, que são capturados através de “mergulhos” com as garras abaixo da superfície da água. Pode ser encontrada em lagos, grandes rios, estuários e no mar próximo da costa.
• Descrição: Única representante da família Pandionidae, mede de 55-58 cm de comprimento, envergadura de até 1,74 m e peso de 990-1800 g (macho) e 1200-2050 g (fêmea) (Poole et al. 2014). Apresenta o dorso marrom-escuro, cabeça e partes interiores branco e uma fina listra escura atrás dos olhos que se estende até a nuca; íris amarela, cauda curta e barrada de cinza-claro. Em voo, é possível notar as asas estreitas e mantidas sempre semidobradas, como um cotovelo em “V” à frente do plano da cabeça. Jovem parecido com o adulto apresenta estrias marrom no pescoço e na coroa.
A espécie diferencia-se em vários aspectos (genéticos e morfológicos) das outras aves de rapina. Seus dedos de igual comprimento, são espinhosos, e o dedo externo (nº 4) é reversível, permitindo capturar peixes com dois dedos voltados para frente e dois para trás.
• Alimentação: Alimenta-se quase exclusivamente de peixes, com tamanhos que variam de 150 e 300 g (Sick 1997; Antas 2005). Sobrevoa os rios e grandes corpos d'agua a procura de peixes, às vezes "peneirando" para localizar sua presa na superfície ou logo abaixo dela. Ao visualizar o peixe, lança-se à água com as garras à frente do corpo para capturá-lo. Às vezes, o peixe está em profundidade que a obriga a mergulhar o corpo e cabeça, mantendo as asas fora d’água. Imediatamente após a captura, voa para um poleiro tradicional. Além das garras finas, a águia conta com uma série de pequenos espinhos na sola dos dedos evitando que a presa escorregue. Outra característica que a auxilia na pescaria é o 4º dedo móvel, que pode ficar tanto para frente quando para trás, aumentando a superfície de contato (Sick, 1997; Antas, 2005).
Segundo Sick (1993) ocasionalmente pode predar outras aves e pequenos mamíferos. Blinn et al. (2007) relataram a predação de um pato (Somateria mollissima) na Ilha de Grand Manan, New Brunswick/Canadá. Outro pesquisador relatou tal ave voando com uma ave do tamanho de um pombo no Rio Chimán, no Panamá (GRIN 2011).
• Reprodução: Nidifica no hemisfério norte utilizando o Brasil apenas como área de invernagem. A fêmea cuida e alimenta as crias enquanto que o macho procura alimento. Constrói o ninho com gravetos e galhos no alto de árvores. Coloca de 1 a 4 ovos com período de incubação de 37 a 41 dias. Após dois meses, os filhotes realizam os primeiros voos, atingindo maturidade sexual após 3 anos (Poole et al. 2014).
• Distribuição Geográfica: Cosmopolita, ocorre em quase todo o mundo, desde Ásia, Europa, Oceania e América; os indivíduos que aparecem no Brasil são originários da América do Norte. Durante o inverno, pode ser encontrada em toda a América do Sul, incluindo todo o Brasil (Antas, 2005; Poole et al. 2014).
• Subespécies: P. h. carolinensis: América do Norte (Alasca, Estados Unidos até o México), durante o inverno com migração para Cuba, Bahamas, México até o Peru e todo o Brasil; P. h. cristatus: Sulawesi e Java, Salomão, Nova Caledônia até o sul da Nova Guiné e costa Australiana; P. h. haliaetus: Encandeava e Escócia, leste da Europa, Ásia até o extremo leste da Rússia, Kamchatka, Japão (Kokkaido), sul do Mediterrâneo, Mar vermelho e ilhas de Cabo Verde, durante o inverno com migração até o sul da África, Índia, Indonésia e Filipinas; P. h. ridwayi: Caribe, Cuba, sul de Bahamas e Belize.
• Hábitos/Informações Gerais: Migratória, originária do hemisfério norte, habita os mais variados ambientes, normalmente avistada em regiões com grandes extensões de água (Sick, 1997). É comum em lagos, grandes rios, estuários e no mar próximo da costa. Também pode ser encontrada em ambientes aquáticos inseridos em centros urbanos, como é o caso dos municípios de Manaus/AM, Belém/PA, Rio de Janeiro/RJ, Florianópolis/SC, Porto Alegre/RS, Sobral/CE, dentre outros. Vive normalmente solitária, voando alto ou pousada sobre árvores isoladas. Ocasionalmente, usa as correntes aéreas para planar alto (Antas, 2005).
Migra ainda jovem e leva de 2 a 3 anos para tornar-se adulta, quando regressa à América do Norte para se reproduzir. Após este período, retorna periodicamente à América do Sul durante o inverno do hemisfério norte. No Brasil, apesar de mais numerosa no final e início do ano, tem sido encontrada durante todos os meses. Devido à maturação sexual após o segundo ou terceiro ano de vida, as águias-pescadoras observadas por aqui durante o inverno são indivíduos juvenis ou não-reprodutivos.