- luis avilaPassarinheiro Junior
- Mensagens : 146
Pontos : 259
Reputação : 37
Data de inscrição : 27/02/2017
Idade : 63
Localização : porto--- Portugal
escrevadeira amarela
Sex 7 Abr - 20:00
A escrevedeira-amarela é um passeriforme com uma distribuição muito restrita em Portugal Continental, encontrando-se limitada ao extremo Norte do País. A transformação dos meios agrícolas tradicionais pode constituir uma séria ameaça para a espécie.
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
A escrevedeira-amarela (Emberiza citrinella) é um passeriforme da família das Emberizídeos, na generalidade conhecidas como escrevedeiras. Esta espécie é relativamente grande, apresentando uma cauda comprida e um uropígio castanho-ruivo sem marcas, elementos amarelos em diversos pontos da plumagem, mais vincados nos machos, manto/dorso castanho-azeitona com muitas riscas pretas e, bico relativamente pequeno com a mandíbula inferior cinzenta-azulada clara. Na cauda podem ser observadas as rectrizes exteriores brancas, em particular em voo. Os machos apresentam uma plumagem nupcial inconfundível, apresentando uma cabeça quase toda amarela, mas com algumas manchas escuras na coroa e na “face”. Destaca-se sobretudo uma listra ocular e uma espécie de bigode. As partes inferiores são claramente amarelas, mas muito manchadas nos flancos e menos no peito. Nota-se ainda uma apreciável extensão verde-azeitona e castanho-ruivo no peito e flancos. As fêmeas apresentam uma plumagem mais discreta. A cabeça e o peito não apresentam a espectacularidade dos machos, apresentando uma tonalidade geral verde-acizentada riscada. As partes laterais da cabeça são de um verde-acizentado, mas sem amarelo. As partes inferiores, são de um amarelo-esbatido, mas mais riscados nos flancos e peito que os machos. As riscas são cinzentas-escuras quase pretas.
O chamamento mais típico é um “stüll” dissonante, emitindo todavia outros mais abafados. O canto é bem peculiar, caracterizando-se por uma sequência de 5-8 notas curtas rapidamente repetidas, mas com um final diferente (e.g., si- si- si- si- si- si-süüü). Normalmente a última nota é mais grave e a penúltima mais aguda.
DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA
No Paleárctico Ocidental distribui-se de uma forma contínua pelas regiões temperadas, atingindo determinadas áreas montanhosas na região mediterrânica.
Em Portugal é uma espécie nidificante que se encontra limitada ao extremo Norte do País, sendo claramente uma espécie em limite sudoeste de área de distribuição. Em Portugal podem-se identificar dois núcleos principais: i) o primeiro de maior dimensão situa-se em redor de Montalegre, prolongando-se a norte para a Galiza onde apresenta uma distribuição mais alargada; a sudoeste prolonga-se para a Mourela, Covelães e Paredes do Rio Outeiro; ii) mais a oeste um núcleo mais restrito e limitado ao planalto de Castro Laboreiro (Melgaço). Dados históricos ainda referem a possibilidade da nidificação desta espécie em áreas como a região a Norte de Bragança, mas tal não se confirmou nas últimas duas décadas.
Em Portugal é uma espécie nidificante que se encontra limitada ao extremo Norte do País, sendo claramente uma espécie em limite sudoeste de área de distribuição. Em Portugal podem-se identificar dois núcleos principais: i) o primeiro de maior dimensão situa-se em redor de Montalegre, prolongando-se a norte para a Galiza onde apresenta uma distribuição mais alargada; a sudoeste prolonga-se para a Mourela, Covelães e Paredes do Rio Outeiro; ii) mais a oeste um núcleo mais restrito e limitado ao planalto de Castro Laboreiro (Melgaço). Dados históricos ainda referem a possibilidade da nidificação desta espécie em áreas como a região a Norte de Bragança, mas tal não se confirmou nas últimas duas décadas.
ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO
No recente Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal é-lhe atribuído o estatuto de “Vulnerável”. A população portuguesa encontra-se estimada entre 500-1200 indivíduos. A população do Parque Nacional da Peneda-Gerês encontra-se estimada entre 250-350 casais. As principais razões apontadas para sua vulnerabilidade são o progressivo abandono das actividades agrícola e pastoril extensivas. Aparentemente na Europa não se encontra globalmente ameaçada.
HABITAT
Na sua área de distribuição em Portugal parece estar associada a áreas de cultivo como, por exemplo, campos com centeio, associados a parcelas com matos, lameiros, pequenos povoamentos florestais e diversos tipos de sebes. Durante o Inverno será porventura mais eclética. No Parque Natural de Montesinho foi observada em povoamentos dispersos de azinheiras com pousio, ou restolhos de cereal.
ALIMENTAÇÃO
A alimentação no período reprodutor é composta sobretudo de invertebrados, como borboletas, lagartas, escaravelhos, gafanhotos e moscas. Fora da época de reprodução, diverso material vegetal e sementes de cereal dominam a dieta desta espécie. Contudo algumas aves podem especializar-se em invertebrados.
REPRODUÇÃO
Em Portugal a época de reprodução parece ter início no final do mês de Abril, à semelhança do apontado para a vizinha Espanha. Aparentemente prolonga-se até pelo menos meados de Agosto. Existem registos de construção de ninhos durante a segunda quinzena de Agosto, sugerindo a realização de segundas posturas, ou posturas de substituição. Pouca mais informação existe sobre a nidificação desta espécie em Portugal. Todavia para a Catalunha são referenciada posturas médias de 4,5 ovos (intervalo 4-5 ovos).
O ninho normalmente é construído no chão, ou perto dele, escondido entre a vegetação junto a uma árvore ou sebe. O ninho é construído unicamente pela fêmea, sendo constituído por ervas, pequenos raminhos, ervas secas, folhas, musgo, por vezes pêlos e penugem. A incubação normalmente prolonga-se entre 12-14 dias sendo unicamente assegurada pela fêmea. Os machos ajudam na alimentação dos juvenis. A alimentação é sobretudo constituída por invertebrados, nomeadamente escaravelhos, lagartas e gafanhotos.
MOVIMENTOS
Existem pouquíssimos dados sobre os movimentos desta espécie. Todavia poder-se-ia pensar que esta espécie seria residente, contudo no Atlas das Aves da Peneda-Gerês não é referenciado qualquer registo no período invernal para esta espécie. De facto, durante o Inverno existem pouquíssimos registos sobre esta espécie em todo o território nacional. No período do Outono-Inverno apenas conhecemos registos para o sector oriental do Parque Natural de Montesinho (1992) e outro para o Zambujal, no estuário do Sado (1995, C. Moore, com. pess.).
LOCAIS DE OBSERVAÇÃO
A área mais favorável para a observação desta espécie é a região em redor de Montalegre. Um dos percursos que se pode tomar é a estrada nacional n.º 308 a partir de Montalegre e em direcção a Covelães, num percurso aproximado de 15 km. Ao longo do percurso, mas sobretudo nos lameiros que vão rodeando a estrada, normalmente rodeados de sebes e de bosquetes de carvalho-negral, podem-se observar alguns indivíduos. Já em Covelães podemos seguir em direcção ao planalto da Mourela. Já no planalto e na extensa mancha agro-florestal que rodeia Pitões podemos facilmente observar esta bela ave. Entre Abril e Julho será relativamente fácil detectar os sonoros machos a cantar do cimo de uma sebe, ou de uma árvore. Por vezes também se podem observar facilmente a alimentarem-se nos prados dos lameiros.