De volta pra casa - Papagaios, vítimas do tráfico, são devolvidos à natureza pelo Ibama
Qui 23 Jan - 16:53
De volta pra casa
Papagaios, vítimas do tráfico, são devolvidos à natureza pelo Ibama
Trinta papagaios ganharam, recentemente, a liberdade em área previamente cadastrada pelo Ibama, em Pedro Leopoldo, região metropolitana de Belo Horizonte. Achou pouco? Mas não é. Para conseguir o feito, biólogos, veterinários, estudantes e voluntários trabalharam, intensamente, durante cerca de um ano. As aves estavam na sede do órgão recuperando-se de maus tratos sofridos pelo tráfico de animais e integram o Programa de Revigoramento e Monitoramento de Papagaios Verdadeiros (Amazona aestiva) em área de Cerrado ou, simplesmente, Projeto Voar. A iniciativa é uma parceria do Ibama com a ONG Instituto de Pesquisa e Conservação Waita, Fundação Boticário, Instituto Estadual de Florestas (IEF), Laboratório de Doenças das Aves da UFMG, Laboratórios TECSA e ADN.
A bióloga do IEF e coordenadora do Projeto Voar, Alice Lopes, explica que as aves apreendidas pela Polícia Militar do Meio Ambiente ou entregues voluntariamente na sede do Ibama vão para o Centro de Triagem de Animais Silvestres, Cetas. Lá, passam por exames físicos, clínicos, químicos e parasitológicos. Ao final de um tempo - que pode ser de seis meses a um ano, dependendo das condições em que se encontram os animais -, eles são levados para um viveiro de aclimatação numa área de soltura, devidamente cadastrada pelo Ibama.
A bióloga explica que as aves passam por treinamentos de voo e alimentar, e metade é submetida também a exercícios anti-predação. “Elas foram colocadas em contato com uma jaguatirica e um gavião taxidermizados (empalhados), que são dois de seus principais predadores, além de serem treinadas também contra o ser humano. A intenção é ensiná-las a defender-se no caso de um ataque real”, informa Alice, acrescentando que esse treinamento foi, inclusive, tema de uma pesquisa de mestrado de uma aluna da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).
Ao final dessa etapa, os papagaios considerados aptos participam da chamada “soltura branda ou suave”.Lá é feita a abertura dos portões dos viveiros para que o animal saia quando quiser. Por precaução, foram colocados comedouros, com alimentação suplementar. Com o passar do tempo, os papagaios aprendem a se alimentar sozinhos. “Já presenciamos vários se virando na nova morada e, até mesmo, já formando casais, distanciando-se cada vez mais da área de soltura e alimentando-se de espécies da natureza”, relata Magda Rocha, bióloga do Waita. Ainda, por ao menos um ano, técnicos do Instituto vão acompanhar a readaptação desses animais.
Segundo o analista ambiental Daniel Vilela, do Ibama, as aves estão sendo monitoradas pelo sistema de rádio telemetria. Ou seja, elas foram equipadas com um colar radiotransmissor para serem localizadas na mata. Os técnicos fazem a busca por um receptor de rádio, que indica a localização exata. A expectativa dos técnicos é que estes novos indivíduos contribuam para o revigoramento populacional da espécie na região, que sofre muito com a retirada de filhotes dos ninhos todos os anos. Vinte por cento dos animais, estão equipados com os rádios que emitem o sinal VHS. Além disso, todos foram microchipados e marcados com anilhas e tinta atóxica. Vale tudo, para vigiar os bichinhos... Os participantes do projeto usam também binóculo e máquina fotográfica!
Iniciativa inédita
REAPRENDIZADO Papagaio arrisca um voo tímido, próximo ao viveiro - Foto: Alice Lopes
Wander Mesquita, presidente do Waita ressalta que essa é a primeira vez que se realiza uma “soltura monitorada de papagaios” em Minas Gerais, o que representa “um super avanço”. Muitas pessoas duvidam que seja possível fazer a readaptação à natureza desse tipo de ave por sua característica de ser “muito ligada ao ser humano”. Além disso, elas são muito visadas pelos contrabandistas pela rara habilidade da fala. Muitas aprendem até a latir e cantar o hino do Galo, do Cruzeiro... “É a espécie mais traficada em todo Brasil, uma ave divertida que encanta adultos e crianças”, pontua a bióloga. Para se ter uma ideia, um exemplar no mercado negro, chega a custar até mil reais.
Mas Alice lembra que é, exatamente, essa atratividade que fomenta o tráfico e ameaça a espécie, causando um desequilíbrio ecológico. “As pessoas precisam ter mais consciência e pensar duas vezes antes de adquiri-la”, alerta. Em Juiz de Fora, o Cetas recebe cerca de 2.500 animais por ano, sendo 95% aves, e em Belo Horizonte, o mesmo órgão recebe, em média, 10.800 animais por ano.
Por falar nisso, quem encontrar uma ave ou qualquer outro animal da fauna silvestre e quiser entregá-lo ao Ibama, deve levá-lo à sede do órgão que fica na (Av. do Contorno, 8121, Cidade Jardim), sem risco de multa ou sanções. A expectativa de Alice e sua equipe é que iniciativas como a do Projeto Voar possam ser replicadas e as metodologias aprimoradas para que outras espécies possam voltar em segurança para a natureza. Outros objetivos são estabelecer a população em cativeiro e em vida livre em suas áreas de ocorrência.
De volta pras montanhas
ACORDO Presidente do Ibama, Volney Zanardi, e o secretário Adriano Magalhães durante assinatura da cooperação - Fotos: Janice Drumond/Ascom-Sisema
O Presidente do IBAMA, Volney Zanardi Júnior, assinou, no último dia 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, em Belo Horizonte (MG), Acordo de Cooperação Técnica para a gestão compartilhada da fauna no estado de Minas Gerais. Esse é o primeiro passo para que o Governo Federal repasse para Minas Gerais a responsabilidade pela gestão da fauna, de acordo com as determinações da Lei Complementar 140/2011, que descentraliza a gestão ambiental ao prever a cooperação da União, Estados e municípios nestas ações.
Para o presidente do IBAMA, o acordo vem em momento oportuno. “Minas Gerais é o sétimo estado a firmar esse tipo de acordo, trabalhando nessa perspectiva de cooperação com o Governo Federal. Tudo será feito de forma gradativa para que os governos possam se estruturar a fim de assumir integralmente a gestão da fauna. Continuaremos com ações relacionadas à fauna, entre elas aquelas envolvendo a coibição do tráfico de animais”, explicou Zanardi Júnior.
Segundo o superintendente do IBAMA em Minas Gerais, Evandro Xavier Gomes, foi estabelecido um plano de trabalho para a transição das atividades. “O corpo técnico do IBAMA/MG é altamente capacitado e detém um conhecimento específico burilado em anos de experiência no trato das questões de fauna.”
Papagaios, vítimas do tráfico, são devolvidos à natureza pelo Ibama
Trinta papagaios ganharam, recentemente, a liberdade em área previamente cadastrada pelo Ibama, em Pedro Leopoldo, região metropolitana de Belo Horizonte. Achou pouco? Mas não é. Para conseguir o feito, biólogos, veterinários, estudantes e voluntários trabalharam, intensamente, durante cerca de um ano. As aves estavam na sede do órgão recuperando-se de maus tratos sofridos pelo tráfico de animais e integram o Programa de Revigoramento e Monitoramento de Papagaios Verdadeiros (Amazona aestiva) em área de Cerrado ou, simplesmente, Projeto Voar. A iniciativa é uma parceria do Ibama com a ONG Instituto de Pesquisa e Conservação Waita, Fundação Boticário, Instituto Estadual de Florestas (IEF), Laboratório de Doenças das Aves da UFMG, Laboratórios TECSA e ADN.
A bióloga do IEF e coordenadora do Projeto Voar, Alice Lopes, explica que as aves apreendidas pela Polícia Militar do Meio Ambiente ou entregues voluntariamente na sede do Ibama vão para o Centro de Triagem de Animais Silvestres, Cetas. Lá, passam por exames físicos, clínicos, químicos e parasitológicos. Ao final de um tempo - que pode ser de seis meses a um ano, dependendo das condições em que se encontram os animais -, eles são levados para um viveiro de aclimatação numa área de soltura, devidamente cadastrada pelo Ibama.
A bióloga explica que as aves passam por treinamentos de voo e alimentar, e metade é submetida também a exercícios anti-predação. “Elas foram colocadas em contato com uma jaguatirica e um gavião taxidermizados (empalhados), que são dois de seus principais predadores, além de serem treinadas também contra o ser humano. A intenção é ensiná-las a defender-se no caso de um ataque real”, informa Alice, acrescentando que esse treinamento foi, inclusive, tema de uma pesquisa de mestrado de uma aluna da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).
Ao final dessa etapa, os papagaios considerados aptos participam da chamada “soltura branda ou suave”.Lá é feita a abertura dos portões dos viveiros para que o animal saia quando quiser. Por precaução, foram colocados comedouros, com alimentação suplementar. Com o passar do tempo, os papagaios aprendem a se alimentar sozinhos. “Já presenciamos vários se virando na nova morada e, até mesmo, já formando casais, distanciando-se cada vez mais da área de soltura e alimentando-se de espécies da natureza”, relata Magda Rocha, bióloga do Waita. Ainda, por ao menos um ano, técnicos do Instituto vão acompanhar a readaptação desses animais.
Segundo o analista ambiental Daniel Vilela, do Ibama, as aves estão sendo monitoradas pelo sistema de rádio telemetria. Ou seja, elas foram equipadas com um colar radiotransmissor para serem localizadas na mata. Os técnicos fazem a busca por um receptor de rádio, que indica a localização exata. A expectativa dos técnicos é que estes novos indivíduos contribuam para o revigoramento populacional da espécie na região, que sofre muito com a retirada de filhotes dos ninhos todos os anos. Vinte por cento dos animais, estão equipados com os rádios que emitem o sinal VHS. Além disso, todos foram microchipados e marcados com anilhas e tinta atóxica. Vale tudo, para vigiar os bichinhos... Os participantes do projeto usam também binóculo e máquina fotográfica!
Iniciativa inédita
REAPRENDIZADO Papagaio arrisca um voo tímido, próximo ao viveiro - Foto: Alice Lopes
Wander Mesquita, presidente do Waita ressalta que essa é a primeira vez que se realiza uma “soltura monitorada de papagaios” em Minas Gerais, o que representa “um super avanço”. Muitas pessoas duvidam que seja possível fazer a readaptação à natureza desse tipo de ave por sua característica de ser “muito ligada ao ser humano”. Além disso, elas são muito visadas pelos contrabandistas pela rara habilidade da fala. Muitas aprendem até a latir e cantar o hino do Galo, do Cruzeiro... “É a espécie mais traficada em todo Brasil, uma ave divertida que encanta adultos e crianças”, pontua a bióloga. Para se ter uma ideia, um exemplar no mercado negro, chega a custar até mil reais.
Mas Alice lembra que é, exatamente, essa atratividade que fomenta o tráfico e ameaça a espécie, causando um desequilíbrio ecológico. “As pessoas precisam ter mais consciência e pensar duas vezes antes de adquiri-la”, alerta. Em Juiz de Fora, o Cetas recebe cerca de 2.500 animais por ano, sendo 95% aves, e em Belo Horizonte, o mesmo órgão recebe, em média, 10.800 animais por ano.
Por falar nisso, quem encontrar uma ave ou qualquer outro animal da fauna silvestre e quiser entregá-lo ao Ibama, deve levá-lo à sede do órgão que fica na (Av. do Contorno, 8121, Cidade Jardim), sem risco de multa ou sanções. A expectativa de Alice e sua equipe é que iniciativas como a do Projeto Voar possam ser replicadas e as metodologias aprimoradas para que outras espécies possam voltar em segurança para a natureza. Outros objetivos são estabelecer a população em cativeiro e em vida livre em suas áreas de ocorrência.
De volta pras montanhas
ACORDO Presidente do Ibama, Volney Zanardi, e o secretário Adriano Magalhães durante assinatura da cooperação - Fotos: Janice Drumond/Ascom-Sisema
O Presidente do IBAMA, Volney Zanardi Júnior, assinou, no último dia 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, em Belo Horizonte (MG), Acordo de Cooperação Técnica para a gestão compartilhada da fauna no estado de Minas Gerais. Esse é o primeiro passo para que o Governo Federal repasse para Minas Gerais a responsabilidade pela gestão da fauna, de acordo com as determinações da Lei Complementar 140/2011, que descentraliza a gestão ambiental ao prever a cooperação da União, Estados e municípios nestas ações.
Para o presidente do IBAMA, o acordo vem em momento oportuno. “Minas Gerais é o sétimo estado a firmar esse tipo de acordo, trabalhando nessa perspectiva de cooperação com o Governo Federal. Tudo será feito de forma gradativa para que os governos possam se estruturar a fim de assumir integralmente a gestão da fauna. Continuaremos com ações relacionadas à fauna, entre elas aquelas envolvendo a coibição do tráfico de animais”, explicou Zanardi Júnior.
Segundo o superintendente do IBAMA em Minas Gerais, Evandro Xavier Gomes, foi estabelecido um plano de trabalho para a transição das atividades. “O corpo técnico do IBAMA/MG é altamente capacitado e detém um conhecimento específico burilado em anos de experiência no trato das questões de fauna.”
- Cleder PereiraModerador Silvestres
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Re: De volta pra casa - Papagaios, vítimas do tráfico, são devolvidos à natureza pelo Ibama
Qui 23 Jan - 20:37
Isso é prova que a maioria das aves aprendidas tem possibilidades de voltar á natureza falta boa vontade dos órgãos em readapta-las a natureza. Que este exemplo se tornasse rotina.
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- jovaldinoPassarinheiro Recente
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Re: De volta pra casa - Papagaios, vítimas do tráfico, são devolvidos à natureza pelo Ibama
Sex 24 Jan - 10:59
muito boa a iniciativa aqui de minas.gostaria de ver com outros passaros tambem.
so teve um errinho heheh.
sinal VHS.vhs,e um formato de video usado nas fitas de video cassete ( Video Home System ).o correto seria vhf (Very High Frequency ) .falo porque trabalho na area de eletronica.
esperamos agora que não va aparecer algum engraçadinho para atrapalhar ou algum politico para cortar verbas para esse fim.se gasta tanto com salarios de politicos.
so teve um errinho heheh.
sinal VHS.vhs,e um formato de video usado nas fitas de video cassete ( Video Home System ).o correto seria vhf (Very High Frequency ) .falo porque trabalho na area de eletronica.
esperamos agora que não va aparecer algum engraçadinho para atrapalhar ou algum politico para cortar verbas para esse fim.se gasta tanto com salarios de politicos.
- Rafael FontebassoPassarinheiro Intermediário
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Re: De volta pra casa - Papagaios, vítimas do tráfico, são devolvidos à natureza pelo Ibama
Sex 24 Jan - 11:53
Muito bom mesmo
- volneiPassarinheiro Recente
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Re: De volta pra casa - Papagaios, vítimas do tráfico, são devolvidos à natureza pelo Ibama
Ter 11 Fev - 8:38
muito bom. otimo se fosem todos asim devolvidos a natureza. los que forem apreendidos.